VIAGENS NA MINHA TERRA


"Que viaje à roda do seu quarto quem está à beira dos Alpes, de Inverno, em Turim, que é quase tão frio como S. Petersburgo - entende-se. Mas com este clima, com este ar que Deus nos deu, donde a laranjeira cresce na horta, e o mato é de murta, o próprio Xavier de Maistre, que aqui escrevesse, ao menos ia até o quintal." in
Garrett, Almeida - Viagens na minha terra. Porto: Figueirinhas, 1973

sexta-feira, novembro 25, 2016

Visita de Estudo a Mafra




Organizada pelos professores de Português de 12º ano, realizou-se uma Visita de Estudo ao Convento de Mafra.

Iniciando pela apresentação de uma dramatização de "O Memorial do convento " de José Saramago (1922-2010), Nobel da Literatura 1998, seguiu-se a visita guiada ao Palácio Nacional de Mafra cuja construção se iniciou em 1717.

Tempo para aprender e conhecer o património nacional, com base na leitura de uma obra literária.



quinta-feira, novembro 24, 2016

Encontro com a escritora Aida Araújo Duarte




No dia em que se faz homenagem a Rómulo de Carvalho / António Gedeão pela sua obra ligada à ciência e à poesia, a escritora Aida Araújo Duarte conversou com alunos da EBS Carolina Michaëlis e falou sobre os livros que entretanto foi publicando.

Conversa animada que se prolongou além do tempo inicialmente previsto.
A escritora e antiga professora desta escola, Liceu Carolina Michaëlis, ofereceu à Biblioteca Escolar exemplares dos seus cinco livros publicados (3 originais e duas traduções).

Muito obrigada!





quarta-feira, novembro 23, 2016

Ciência e Educação Literária


Professores e alunos do Clube de Ciência apresentaram na Biblioteca uma dramatização de "A Princesa e a ervilha". O pretexto foi a associação de alguns conceitos científicos relacionados com a história. Apresentaram experiências e responderam às questões colocadas pela assistência constituída, principalmente por alunos de 1º ciclo (3º e 4º ano).


No final ... provaram algumas das delícias que os alunos de 3º ciclo (orientados pelas docentes de Física e Química) elaboraram. A Química e a Gastronomia de mãos dadas.
Para ver mais, clicar na imagem abaixo.



Foi um sucesso!
Parabéns aos participantes.


Exposição de fotografia

Fotos tiradas pelo Dr. José Teixeira, docente de Física e Química.







Feira de Minerais










terça-feira, novembro 22, 2016

Não gosto de segundas feiras




No âmbito da Semana da Ciência e Tecnologia, o escritor Luís Teixeira de Sousa esteve na Biblioteca, em conversa com alunos de 10º e de 5º ano.

Recorda-se que este escritor é aluno do Agrupamento de Escolas, 10º ano.

A conversa esteve animada. A assistência foi curiosa e colocou diversas questões às quais o Luís foi correspondendo.

Regista-se este como mais um momento no qual se procurou promover a leitura ... e a escrita.




Boas Leituras!




segunda-feira, novembro 21, 2016

Kahoot na Biblioteca





Atividade aberta a toda a comunidade escolar.
Dinamização da turma do Curso Profissional de Técnico de Gestão e programação, sob orientação das professoras Marta Raimundo e Aurora Duarte.






Um rapaz invulgar



A professora bibliotecária leu aos alunos de 1º ciclo, na Hora do Conto, o livro "Um rapaz invulgar"  com o objetivo de promover a leitura e a literacia científica no âmbito da Semana da Ciência e Tecnologia.

 Na sequência, os alunos produziram trabalhos de expressão plástica divulgados nos Expositores da Biblioteca.






domingo, novembro 20, 2016

Semana da Ciência e Tecnologia 2016



Poesia de António Gedeão

Pedra Filosofal

Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.


António Gedeão, in 'Movimento Perpétuo'







Poema das Folhas secas de Plátano



  As folhas dos plátanos desprendem-se e lançam-se na aventura do espaço,

  e os olhos de uma pobre criatura

  comovidos as seguem.

  São belas as folhas dos plátanos

  quando caem, nas tardes de Novembro

  contra o fundo de um céu desgrenhado e sangrento.

  Ondulam como os braços da preguiça

  no indolente bocejo.

  Sobem e descem, baloiçam-se e repousam,

  traçam erres e esses, cicloides e volutas,

  no espaço escrevem com o pecíolo breve,

  numa caligrafia requintada,

  o nome que se pensa,

  e seguem e regressam,

  dedilhando em compassos sonolentos

  a música outonal do entardecer.


  São belas as folhas dos plátanos espalhadas no chão.

  Eram lisas e verdes no apogeu

  da sua juventude em clorofila,

  mas agora, no outono de si mesmas,

  o velho citoplasma, queimado e exausto pela luz do Sol,

  deixou-se trespassar por afiado ácidos.






Poema para Galileo

Estou olhando o teu retrato, meu velho pisano,
aquele teu retrato que toda a gente conhece,
em que a tua bela cabeça desabrocha e floresce
sobre um modesto cabeção de pano.
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da tua velha Florença.
(Não, não, Galileo! Eu não disse Santo Ofício.
Disse Galeria dos Ofícios.)
Aquele retrato da Galeria dos Ofícios da requintada Florença.
Lembras-te? A Ponte Vecchio, a Loggia, a Piazza della Signoria…
Eu sei… Eu sei…
As margens doces do Arno às horas pardas da melancolia.
Ai que saudade, Galileo Galilei!

Olha. Sabes? Lá em Florença
está guardado um dedo da tua mão direita num relicário.
Palavra de honra que está!
As voltas que o mundo dá!
Se calhar até há gente que pensa
que entraste no calendário.

Eu queria agradecer-te, Galileo,
a inteligência das coisas que me deste.
Eu,
e quantos milhões de homens como eu
a quem tu esclareceste,
ia jurar – que disparate, Galileo!
– e jurava a pés juntos e apostava a cabeça
sem a menor hesitação –
que os corpos caem tanto mais depressa
quanto mais pesados são.

Pois não é evidente, Galileo?
Quem acredita que um penedo caia
com a mesma rapidez que um botão de camisa ou que um seixo da praia?

Esta era a inteligência que Deus nos deu.

Estava agora a lembrar-me, Galileo,
daquela cena em que tu estavas sentado num escabelo
e tinhas à tua frente
um friso de homens doutos, hirtos, de toga e de capelo
a olharem-te severamente.
Estavam todos a ralhar contigo,
que parecia impossível que um homem da tua idade
e da tua condição,
se tivesse tornado num perigo
para a Humanidade
e para a Civilização.
Tu, embaraçado e comprometido, em silêncio mordiscavas os lábios,
e percorrias, cheio de piedade,
os rostos impenetráveis daquela fila de sábios.

Teus olhos habituados à observação dos satélites e das estrelas,
desceram lá das suas alturas
e poisaram, como aves aturdidas – parece-me que estou a vê-las –,
nas faces grávidas daquelas reverendíssimas criaturas.
E tu foste dizendo a tudo que sim, que sim senhor, que era tudo tal qual
conforme suas eminências desejavam,
e dirias que o Sol era quadrado e a Lua pentagonal
e que os astros bailavam e entoavam
à meia-noite louvores à harmonia universal.
E juraste que nunca mais repetirias
nem a ti mesmo, na própria intimidade do teu pensamento, livre e calma,
aquelas abomináveis heresias
que ensinavas e escrevias
para eterna perdição da tua alma.
Ai Galileo!
Mal sabiam os teus doutos juízes, grandes senhores deste pequeno mundo,
que assim mesmo, empertigados nos seus cadeirões de braços,
andavam a correr e a rolar pelos espaços
à razão de trinta quilómetros por segundo.
Tu é que sabias, Galileo Galilei.
Por isso eram teus olhos misericordiosos,
por isso era teu coração cheio de piedade,
piedade pelos homens que não precisam de sofrer, homens ditosos
a quem Deus dispensou de buscar a verdade.
Por isso estoicamente, mansamente,
resististe a todas as torturas,
a todas as angústias, a todos os contratempos,
enquanto eles, do alto inacessível das suas alturas,
foram caindo,
caindo,
caindo,
caindo,
caindo sempre,
e sempre,
ininterruptamente,
na razão directa do quadrado dos tempos.


António Gedeão, in 'Linhas de Força'